Escrever “A face inversa do Amor” me fez refletir sobre a rara exploração atual da imaginação. A verdade é que ela está sofrendo um genocídio que a leva à extinção, visto que a imaginação é um mundo inacessível aos estáticos.
Quantos livros você observa as pessoas lendo ultimamente? Quantas horas elas estão assistindo TV ou similar? O contraste desta comparação demonstra em que linhas essa geração esta sendo pautada. Geração que emerge cada vez mais na banalidade e aceita a opinião alheia como suprema, chegando até mesmo a defende-la sem ao menos compreender o porquê daquela conclusão, pelo simples fator “comodidade”. Afinal, é mais fácil concordar do que refletir. Até quando o ser humano vai desprezar a si mesmo por limitar sua capacidade reflexiva?
Obviamente, a direção dessas palavras não é a recriminação dos recursos audiovisuais, afinal, o extremismo é o atalho para a derrocada. A real direção pela qual desejo conduzi-lo é entre palavras, frases e textos – um universo particular de especulações ,moldado pela criatividade, que nos torna capazes de transpor barreiras entre o real e o imaginário, dando vida àquele sopro de pensamento habitante no nosso subconsciente.
A liberdade de idealizar um personagem, suas feições, o tom de sua voz ou até mesmo seu aroma; a reflexão resultante da afinidade com as palavras de um cronista; o conhecimento adquirido em um material didático; as conclusões particulares obtidas pela leitura de um jornal: essas são algumas das sensações destinadas exclusivamente aos que reconhecem a fundamental importância da leitura. Caso você tenha se identificado com alguma das situações supracitadas, é provável assimilará as entrelinhas deste texto e conseguirá tirar proveito dele. Por outro lado, se não tiver notado nenhuma afinidade com elas, minhas palavras serão meras junções de letras produtoras de fonemas, sem serventia.
A imaginação clama por reconhecimento em um mundo surdo. Não permita que essa ‘onda’ de surdez o contamine. Escreva o que pensa, leia o que te inspira! Consuma as palavras e seja consumido por elas. Não permita que a rotina destrua sua voz e limite sua audição. Afinal, quanto mais houver inércia literária, mais portas serão fechadas sem que ao menos as pessoas notem que um dia elas se abriram.
Publicado em 17/01/16 no Tribuna de Minas.