Sobre todas as coisas que eu escolhi ser

Deve ter sido em um dia qualquer que eu decidi que seria escritora. Digo, um dia qualquer porque não me lembro de datas – quem me conhece certamente confirmará isso. Eu decidi ser escritora e comecei as primeiras palavras de um livro que abriria caminho para um outro que se tornaria meu grande orgulho.

Nesse meio tempo, me arrisquei a descobrir como era ter aula de teatro. Fui, não me encaixei e simplesmente saí. Isso mesmo, não voltei mais. Escolhi não fazer. Irônico, não é? Eu tinha pensando mesmo que tinha tudo a ver comigo.

Já que as aulas de teatro não deram certo, fiz uma prova para cursar logística – confesso que escolhi porque achei o nome diferente dos outros que estavam entre as opções no edital. Fui, me apaixonei pelo SENAI e pouco depois não era capaz de parar de indicá-lo a todo e qualquer jovem de 14 anos que aparecesse na minha frente. Estava em mim, não saia.

Eles me procuravam e eu prometia ajudar com a prova. Mas como eu falava com muitos, foi ficando difícil ajudar um por vez. Conversei com uma amiga que parecia passar pelo mesmo ‘desafio’. Transformamos o desafio em um negócio.

Ah, como sou ruim em datas, perdoe-me a ordem dos fatores, às vezes me confundo. Entre logística e o novo negócio, decidi que faria Administração. Um amigo me sugeriu que eu tentasse a bolsa e eu, até então nem me importando, me inscrevi naquela de ‘vamos ver o que vai dar’. E deu. Bolsa de 100%.

Em uma manhã de aula normal um pessoal foi a faculdade falando sobre uma feira internacional que estava selecionando projetos com base em tecnologia e ecologia. Fiquei muito curiosa sobre aquilo. Decidi me inscrever. Mas daí veio o dilema: com que projeto? Precisei criar um. Eles pediam que os inscritos escrevessem até 5 laudas e quem quisesse, podia enviar maquetes e coisas mais completas para a seleção – e os aprovados teriam direito a um stand na feira internacional para explicar a ideia. Escrevi 3 laudas, coloquei só o necessário.

Em todo caminho que eu passava, entre trabalhos dentro da área da administração até comunicação, eu continuava escrevendo. Isso nunca deixou de ser minha paixão e duvido que um dia deixará. Percebi que podia descomplicar, para muitas pessoas, o processo de publicação e, até mesmo, de escrita de um livro. Foi assim que comecei a Perensin Produções.

Bem, agora vamos resumir os finais destas ‘aventuras’: publiquei meu ‘orgulho’ em 2016, “A face inversa do amor” e na bagagem já vierem outros 2 – um deles é uma coautoria em que também fui organizadora. Não voltei ao teatro, mas eu e minha parceira já fizemos 3 Edições do nosso “Aulão para a prova do SENAI” e tivemos pedidos da nossa apostila de alunos de outros cantos do Brasil. Meu lado ecológico não se desenvolveu – mesmo que eu ache a temática muito importante – mas meu projeto “Jardim da Esperança” foi um dos selecionados para aquela exposição, ocupando o 7º lugar entre os 20 aprovados, não é muito, mas já está bom, não é?

Formo em administração este ano – se tudo der certo! E estou envolvida na publicação de mais ou menos 4 livros para o final desse ano e começo do ano que vem, pela Perensin Produções.

Mas vamos lá: porque eu falei isso tudo?

Geralmente eu escrevo minha opinião sobre as coisas, mas não sobre mim. Hoje abri essa exceção. Fiz isso porque vi um vídeo de uma pessoa dançando ballet e pensei em tentar.

Na hora, o pensamento que sempre me perseguiu, veio: ‘se você não colocar foco no que quer, não vai ter nada’. O lado bom disso é que, apesar desse pensamento me perseguir, ele nunca me alcança. Junto com ele, vem a enorme satisfação de saber que eu posso ser o que eu quiser ser e que o foco é importante, mas não quando nos limita.

Este texto não foi escrito para você conhecer uma parte da minha vida. Foi escrito para você entender que nos foi dada a opção de escolher e não devemos menosprezar isso. Não é feio ou ruim desistir de algo depois de tentar. Ruim é nunca tentar por medo de desistir depois.

Independentemente do que tiver escolhido para ser hoje, seja verdadeiramente. Não se entregue com medo de dar errado, de perder tempo. Entre com a coragem de quem sabe que é capaz de ser bom naquilo, e, se notar que aquilo não for bom para você, coragem para sair também.

A vida não é sobre ser ultra-mega-exageradamente-incrível em algo. É sobre se transformar a cada dia para que o dia anterior seja menos surpreendente que o atual.

 “Quem faz tudo não faz nada”.

Quem só faz uma coisa, nunca saberá o significado de fazer tudo para generalizar e dizer que esse tudo não é nada. Pode parecer profundo e realmente é: não se importe se não for reconhecido por um título, se importe em fazer com que seu nome não precise vir acompanhado de um para os outros saberem quem você é.

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