Descrição

De todas as almas que encontrava, dava-as como flores nefandas que insistiam em nascer na terra doente e estéril. Zane, um feiticeiro detestável, era um tanto descrente dos homens; e se afastou ao norte, onde nenhum desgraçado desgraçaria sua plácida existência, que antes fora atormentada por um passado que não era mais uma melodia aos seus ouvidos. Até que, pela Fortuna, achou, numa peregrinação já bastante sobre carregada, uma criatura ferida num bosque: possuía o olhar inexorável, chifres de cabra e um sorriso difícil de se colocar no semblante.

O ser, depois de salvo, pesou o espírito do feiticeiro lhe narrando Canções sobre armadas célebres e antigas de reis e criaturas de terras longínquas. A solidão, única constante na vida dos homens, fê-lo assim: frio e esquivo. Zane não o ampararia, contudo não houve como recusar tal missão. E, agravando tudo, o cântico sobre batalhas se harmonizava com a velha melodia da antiga vida de Zane, reacendendo-a inquieta com inimigos remotos, tiranos na aristocracia, paixões extintas, lendas e crônicas de sua terra… E o que era uma música para reis bailarem, turvou-se na batalha mais cruel que é capaz de encerrar o coração dos homens: a de ser a própria Decadência.